Localizada na região sul do Alasca, Skagway é uma cidade histórica bem pequena, que faz fronteira com o estado de Yukon, no Canadá, e que teve grande importância durante a Corrida do Ouro.
No final do século XIX, mais de 100.000 mineradores de diferentes partes do mundo migraram para o Alasca, em busca do ouro prometido de Klondike, região vizinha à Skagway.
Para chegar até lá, era necessário percorrer durante dias árduas e nevadas montanhas, nas quais muitos aventureiros morreram de frio e de fome.
Percebendo os desafios dessa jornada e o potencial econômico em fornecer bens e serviços para os mineradores, vários comerciantes se estabeleceram em Skagway, formando um pequeno e promissor vilarejo.
O sonho dourado, no entanto, não durou muito tempo e pouquíssimas pessoas realmente encontraram a riqueza que procuravam. Aos poucos, a cidade foi perdendo a sua importância estratégica e foi sendo abandonada.
Atualmente, Skagway possui em torno 1.000 habitantes, mas recebe anualmente cerca de meio milhão de turistas, que chegam até lá principalmente de cruzeiro.
As principais atrações da cidade são o seu centro histórico, que preserva edifícios antigos e é administrado pelo Serviço de Parques Nacionais Americanos, e o passeio de trem pela linha ferroviária White Pass & Yukon Route, concebida em 1897, durante a Corrida do Ouro em Klondike. Detalharemos todas essas atrações ainda neste post.
Em julho de 2016, visitamos Skagway em um roteiro de 2 dias. Chegamos de ferry a partir de Juneau e nos hospedamos por 1 noite na cidade. Leia também o roteiro completo no Alasca que escrevemos.
E onde entra o Tio Patinhas nessa história?
Para quem não se lembra, o personagem de história infantil Tio Patinhas era um pato escocês, que viajou para a América e lá construiu uma enorme fortuna.
Essa famosa história aconteceu em 1898, exatamente na região de Klondike, onde, durante suas escavações em busca de ouro, Tio Patinhas encontrou uma pedra dourada do tamanho de um ovo de gansa. A partir daí, a sua fortuna cresceu e o céu foi o limite para ele!
O interessante dessa história é que até hoje podemos sentir a “presença” da Corrida do Ouro em Skagway. O Serviço de Parques Nacionais Americanos faz um excelente trabalho de conservação na cidade e passa diariamente, no Centro de Visitantes, um vídeo curto e gratuito que conta a história do lugar. Vale muito a pena assisti-lo.
Agora que você já sabe um pouco da história de Skagway e da sua relação com o Tio Patinhas, é hora de entrar no nosso roteiro. Esperamos que você curta!
Roteiro de 2 dias em Skagway
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1º Dia em Skagway
Como contamos no post 3º dia em Juneau, chegamos de ferry em Skagway às 05:15 da manhã, vindo de Juneau.
Do porto, seguimos cerca de 750 metros a pé até o nosso hotel, onde deixamos as malas na sala de bagagem. Fizemos um lanche e começamos a explorar a cidade.
Apesar de termos ficado um pouco cansados, chegar nesse horário foi bom pois pudemos fotografar a cidade ainda bem vazia. Ao longo da manhã, os navios de cruzeiro começam a chegar e a cidade vai ficando literalmente entupida de gente. Por volta das 17 h, as pessoas começam a ir embora e a cidade se torna aconchegante novamente.
Após esse breve passeio no início da manhã, embarcamos no trem da White Pass & Yukon Route, como mostraremos a seguir.
1) White Pass & Yukon Route
A descoberta do ouro em Klondike, em 1896, deu início a uma verdadeira febre do ouro na América do Norte, atraindo aventureiros de todas as partes do mundo em busca de riqueza. Para chegar aos recém-descobertos campos de ouro, a maior parte dos garimpeiros (e futuros garimpeiros) escolheu a rota mais curta e barata. Esta rota começava com uma viagem de navio de Seattle à Inside Passage, no sudeste do Alasca. Lá, surgiram duas “boom towns” formadas pelo fluxo de dezenas de milhares de pessoas entre 1897 e 1898: Skagway e Dyea. A partir delas, os mineradores tinham que percorrer um caminho por entre as montanhas até chegar à nascente do Rio Yukon, de onde navegariam até a confluência com o Rio Klondike.
Quem chegava por Dyea, fazia a Chilkoot Trail, a trilha mais curta, mais barata, mais popular, porém, mais penosa e perigosa. Quem chegava por Skagway, fazia a trilha White Pass, que apesar de mais longa, era menos íngreme e perigosa.
Entre 1898-1900, foi construída uma ferrovia no White Pass para transportar todas essas pessoas de forma mais rápida e segura. Com o declínio da mineração, a ferrovia foi fechada e depois reaberta como atração turística.
Atualmente, a empresa White Pass & Yukon Route oferece diversos tipos passeios pelo White Pass, que se diferenciam de acordo com o destino final e com o meio de transporte, que pode ser apenas de trem ou uma combinação de trem e ônibus. O trem possui paradas no cume do White Pass (Alasca), em Fraser (BC), em Bennett (BC) e em Carcross (Yukon). O ônibus, por sua vez, segue pela Klondike Highway e se conecta com o sistema ferroviário em Fraser e em Carcross. Para entender melhor, veja as paradas no mapa abaixo.
Vale lembrar que, para todos os destinos após o White Pass Summit, é necessário levar passaporte e possuir visto para Canadá.
1.1) Chilkoot Hiker Service
Para os mais aventureiros, existe ainda a possibilidade de fazer a famosa Chilkoot Trail, conhecida como “as mais cruéis 33 milhas da história”. Esta histórica trilha de 53 km, parte de Dyea (cidade vizinha a Skagway) até o Lago Bennett, refazendo o caminho percorrido pelos garimpeiros durante a Corrida do Ouro de Klondike. Chegando em Bennett, pode-se contratar o Chilkoot Hiker Service e seguir de trem até Skagway ou Carcross/Whitehorse.
1.2) O tour que escolhemos
Nós optamos por fazer o passeio até o White Pass Summit, que percorre de trem os 67 km do trajeto de ida e volta até a fronteira com a Columbia Britânica, no Canadá. Este tour tem duração de 3-3,5 hrs e opera diariamente entre 2 de maio a 28 de setembro. Para consultar preços, horários extras e informações adicionais, clique aqui.
2) Almoço típico
Após o passeio, fomos almoçar!
De maneira geral, os restaurantes em Skagway são bem caros e não há opção de fast foods famosos, como Subway ou McDonalds. O único supermercado da cidade, além de pequeno, também pratica preços abusivos e não achamos nada que valesse a pena.
Como diz o velho ditado: se você está na chuva, é para se molhar.
Sendo assim, não tivemos opção. Hora de deixar boas doletas em Skagway.
Apesar de caro, valeu muito a pena provar o prato típico da região. O fish and Chips feito de Halibut, um peixe branco e macio, está por todo lugar e é realmente uma delícia.
Durante a nossa estadia, comemos esse prato em dois restaurantes: no Bonanza Bar & Grill (na Broadway, entre 3rd e 4th st) e em um trailer na esquina da 4th com State St. e devo dizer que valeu a pena demais!
3) Distrito histórico de Skagway
O distrito histórico de Skagway é, na verdade, um grande museu a céu aberto, que faz parte do Klondike Gold Rush National Historical Park, e é formado por seis quarteirões, que abrigam construções da época da Corrida do Ouro no Alasca.
Apesar de ser administrado pelo Serviço de Parques Nacionais Americanos, não é requerido ticket para visitar a região, já que não há entrada como em um museu tradicional.
A dica é começar a visita no Centro de Visitantes, localizado na esquina da 2nd Street com a Broadway. Nesse prédio histórico, é possível assistir a um curto filme que explica a Corrida do Ouro de Skagway no século XIX, reservar tours guidos gratuitos, pegar o mapa da região e usar o banheiro. O Centro de Visitantes é aberto diariamente de maio a setembro, das 08:30 às 17:30.
De lá, percorra a Broadway, a principal e mais charmosa rua de Skagway, onde se concentra a maior parte das construções históricas. Em algumas, há exposições do Serviço de Parques Nacionais retratando Skagway no apogeu da corrida do ouro. Entre em todas elas, as entradas são gratuitas. Confira abaixo o mapa do distrito histórico.
Atenção:
De maneira geral, o comércio em Skagway costuma fechar cedo, inclusive os restaurantes. Não deixe para jantar depois das 20 h.
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2º Dia em Skagway
Reservamos o segundo dia para conhecermos alguma trilhas na região de Skagway.
1) Dewey Lake Trail System
Muito bem estruturado, o Dewey Lake Trail System é formado por várias trilhas bem sinalizadas, que passam pela região dos lagos Lower Dewey e Upper Dewey.
Percorremos a trilha Lower Dewey, com duração de cerca de 2 horas, que contorna o lago. Ao longo do caminho, você encontrará mesas para piquenique.
De lá, é possível seguir pela trilha que leva ao lago Upper Dewey. Essa trilha, no entanto, é considerada difícil e tem duração estimada de 1 dia. Existem áreas de piquenique e camping no lago Upper Dewey. Ao todo, são cerca de 11,1 km e não tivemos tempo para percorrê-la.
Antes de percorrer alguma trilha no Alasca, leia o Guia de Ursos que escrevemos.
2) Cemitério Gold Rush e Cachoeira Lower Reid
Do centro de visitantes até a cachoeira Lower Reid, passando pelo cemitério Gold Rush, são aproximadamente 6,4 km de trilha fácil, ida e volta.
Para quem não quer fazer esse trajeto todo a pé, existem ônibus locais que levam os visitantes até o estacionamento do cemitério. De lá, a caminhada até a cachoeira é bem pequena e fácil.
O Gold Rush foi o primeiro cemitério de Skagway e é onde estão enterradas importantes personalidades da época da Corrida do Ouro, como Jefferson “Soapy” Smith e Martin Itjen. A lista completa dessas pessoas pode ser consultada aqui.
No mesmo dia, pegamos o ferry de volta para Juneau, de onde pegamos um voo para voltarmos para o Brasil.
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Onde se hospedar em Skagway
Skagway não é uma cidade com muitas opções de hotéis e os preços praticados costumam ser bem altos.
Depois de muiiiiita pesquisa, o hotel com o melhor custo-benefício que encontramos foi o Westmark Inn Skagway, localizado na 3rd Street com Spring st, dentro do Distrito Histórico da cidade e próximo a tudo.
O quarto que ficamos foi simples, mas confortável. O hotel oferece translado e estacionamento gratuitos, recepção 24 horas e possui um bar e restaurante.
Aconselhamos fazer as reservas de hospedagem em Skagway com bastante antecedência, principalmente nos meses de verão, já que não há muitas opções de hotéis na cidade.
Gostou do nosso post? Reserve os seus hotéis em qualquer destino pela caixa do Booking.com abaixo. Você não gasta nenhum centavo a mais por isso, mas o nosso site recebe uma pequena comissão, que nos ajuda a escrever estes guias gratuitos de viagem. Obrigado e até a próxima!
E aqui finalizamos o nosso roteiro pelo Alasca! Foram 11 dias, conforme abaixo:
- Anchorage a Seward (Seward Highway): 1º dia
- Seward (Kenai Fjords): 2º e 3º dias
- Seward ao Denali: 4º dia
- Denali National Park: 5º e 6º dias
- Juneau: 7º, 8º e 9º dias
- Skagway: 10º e 11º dias
Essa viagem fez parte de uma grande Road Trip pelos Estados Unidos e Canadá, vale a pena conferir! Até a próxima. 😉
27 Comentários
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Que delícia de viagem, o que mais me chamou atenção foi o tour de trem. Sou fascinada com passeios de trem. E adoro ir a locais que me oferecem esse tipo de atração. Sua viagem foi incrível e senti muita vontade de fazer também rsrs. Ainda chego lá!
Olá, Paloma! Muito obrigado pela visita e pelo comentário! Também curtimos demais viajar de trem. As paisagens no Alasca são incríveis e vale a pena combinar uma viagem de carro com alguns passeios de trem. Abraços, Cristina e Renato.
OI .
Acompanhei os posts sobre a Road Trip pelos EUA. Lindos ….
Adoro as paisagens daquele país, que está bem longe de ser resumido em NY e Miami.
No Roteiro vi que também passariam pelo Estado de Washington…. é que não vi nada no blog…. Vocês passaram por lá……?
Abraço LU
Olá, Lu!
Obrigado pelo comentário e por nos acompanhar! Passamos pelo estado de Washington sim. Estamos finalizando os posts de Foz do Iguaçu e região e retomaremos os posts da Road Trip dos EUA. Acredito que até o final de janeiro todos os posts estarão publicados. Se você tiver alguma dúvida antes, nos envie um e-mail, será um prazer ajudar. Abraços, Cristina e Renato.
Não vou mentir, o que me chamou atenção foi a menção ao Tio Patinhas! 😛 Lembrei de Ducktales na hora… hahaha
Mas realmente parece ser uma viagem linda, fotos lindas.
Olá, Edson! Obrigado pelo comentário. Muito massa estar na cidade onde Tio Patinhas se tornou milionário! Nós também encontramos ouro lá, acredita? Mas não deu nem para pagar um “fish and chips”, rs. Abraços, Cristina e Renato.
Adorei o post!!! Parece ser um lugar incrível e as fotos são lindíssimas. Parabéns!!!
Obrigada, Viviane! É um lugar bem diferente, vale a pena conhecê-lo!
Como sempre relatos fantásticos e fotos incríveis!
Aprender sobre este local tão distante e sua história é enriquecedor.
Amei!
Olá, Vaneza! Muito obrigado pelo seu comentário. Ficamos muito felizes com isso! Abraços, Cristina e Renato.
Cada vez que leio seus posts sobre o Alasca, tenho ainda mais vontade de voltar para lá, pois os dias que estive lá não me foram suficientes para conhecer todos os lugares maravilhosos que o estado americano tem a oferecer. E esse passeio de trem até Skagway é lindo de ver, cada paisagem exuberante que acho que ia querer fotografar cada pedacinho do trajeto. E que interessante saber essa história do tio patinhas, confesso que a desconhecia.
Abraços
Olá, Josiane! Obrigado pelo comentário. É uma região bem diferente e encantadora. Também já estamos com vontade de voltar! Abraços, Cristina e Renato.
Mais uma vez, um post realmente perfeito! Adorei viajar junto e descobrir todos os detalhes e informações sobre a terra do tio patinhas. Claro, como gosto muito de história, não poderia deixar de mencionar que adorei saber a história de Skagway, e da corrida pelo ouro! Mais uma vez, parabéns! 🙂
Olá, Itamar! Obrigado pelo comentário. Também amamos história e não tem melhor forma de aprendê-la do que viajando, não é mesmo? Grande abraço, Cristina e Renato.
Parece MESMO um cenário de filme, fiquei encantada e as fotos estão incríveis!!
Beijos.
Olá, Paula! Obrigado pelo comentário! Uma verdadeira terra encantada! Abraços, Cristina e Renato.
Que cidade fofa! Pequena, mas com seu charme e muita história. Adoro quando leio um post com informações históricas, culturais e com detalhes como esse. Deixa com vontade de conhecer o local. Parabéns!
Olá, Ana Lúcia! Ficamos muito felizes com o seu comentário! Também amamos história. Quando conjugada com viagens, melhor ainda, né? Abraços, Cristina e Renato.
Que charme! Eu nunca imaginaria que uma cidade tão pequenininha e tããããão longe pudesse ter tantas atrações 🙂 Me encantei com a natureza, mas a cidade parece ser de cenário de filme! Linda!
Olá, Camila! Obrigado pelo comentário! Verdade, quando estamos lá dentro, parece que estamos em um filme! Curtimos demais. Abraços, Cristina e Renato.
Cristina, suas fotos são sempre maravilhosas! Acredita que não lembrava que o tio Patinhas era holandês. Esta cidadezinha deve ser um show! Ótima dica
Olá, Ana Carolina! Muito bom ter você por aqui. Mais uma vez, muito obrigado pelo comentário. Abraços, Cristina e Renato.
Como não se encantar com um texto tão detalhado e com essas fotos incríveis?
Olá, Gê! Muito obrigado pelo comentário. Essa viagem foi muito especial para nós! Abraços, Cristina e Renato.
Muito legal esse post! Somos doidos para conhecer o Alaska e com certeza, quando chegar o momento, vamos consultar o site de vocês! 😉
Olá, Tássia! Obrigado pelo comentário! O Alasca é um lugar bem único, vocês vão gostar! Abraços, Cristina e Renato.